terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

David Ganc - Baladas Brasilerias [1996]

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Pela primeira vez no país, um instrumentista de sopros grava um disco solo acompanhado de cordas. Partindo para carreira solo , após uma vida dedicada a dar cores em shows e gravações dos maiores nomes da música brasileira, o saxofonista e flautista David Ganc lança seu primeiro CD, Baladas Brasileiras, colocando em primeiro plano arranjos e orquestrações de conhecidas canções brasileiras. O vôo solo de David alcança a França, onde o CD sai pelo selo Buda Musique, que garante a distribuição mundial. No Brasil, a distribuição é da Leblon Records.

A idéia de um solista e cordas não é nova. Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Stan Getz, Coleman Hawkins e tantos outros fizeram discos antológicos nesta linha. Mas, na nossa música, David é o primeiro, e o faz com a experiência de quem está acostumado a realçar a essência da música.

A opção de David em Baladas Brasileiras foi gravar melodias conhecidas do público, de autores consagrados como Lupicínio Rodrigues, Tom Jobim, Edu Lobo, Hermeto Paschoal, Peter Pan, além do próprio David .

Despidas das letras, e levadas pelos saxes e flautas envolventes de David, as canções ganham roupagem totalmente nova. Este é o maior feito do disco de Ganc. Sem mudar uma nota ou descaracterizar as músicas, elas soam com a beleza de sempre, e ao mesmo tempo, diferentes. Os arranjos de David, do pianista Leandro Braga, e do trombonista Vittor Santos são vitais no projeto. A formação jazzística dos três músicos garantiu espaço para as improvisações, que em momento algum “traem” a estrutura brasileirísima, original das composições.”Demorei um ano para escolher as dez músicas do CD”, lembra David, um perfeccionista chamado de “brilhante” pelo amigo Jaques Morelenbaum, seu companheiro dos tempos da Barca do Sol.

O CD Baladas Brasileiras enfatiza a qualidade melódica das canções, simples mas refinadas. O sax alto e tenor e as flautas dominam o tempo todo, ressaltando cada nota. As cordas marcam presença em 6 das 10 faixas. Ganc burilou a concepção e só depois chamou, um a um, os amigos de longa data para os arranjos e gravações. Estrada do Sol, de Tom Jobim, abre o disco, com sax tenor sublinhado pelas cordas em arranjo de Leandro Braga. Zanzibar, de Edu Lobo, ganha comprida introdução no arranjo de David, marcada pela percussão de Mingo Araujo e Marcelo Costa, e um belo improviso de cello de Morelenbaum. Três músicas revelam o arranjador Vittor Santos. Em Esses Moços, David expõe Lupicínio numa seção de 4 flautas seguidas de curto solo de Leandro Braga. As cordas passeiam pela abertura de Nunca, outra de Lupicínio, com David no sax alto. Chovendo na Roseira recebe andamento acelerado realçado pela bateria de Cesar Machado e pelo baixo acústico de Ronaldo Diamante, o tema desenvolvido em sax tenor e improvisos na flauta. Em sua 4ª gravação , a composição Flor, de Monique Aragão, é executada em duo de sax alto e piano de perfeito entendimento .

Balada/Paz é uma rara composição modal de Ganc, gravada com base, trompete-trompete e sax tenor, e intervenção da guitarra de Rodrigo Campello. Song for David foi composta especialmente pelo amigo israelense Adi Yeshaia, quando ambos ainda estavam em Boston. David adaptou-a para uma rara Flauta em Sol, numa viagem melódico-harmônica bem acompanhada por Tomás Improta e Morelenbaum. As cordas brilham novamente no requintado arranjo de Leandro Braga para Se Queres Saber, de Peter Pan. O toque do sax tenor parece trazer a bela e melancólica letra da canção de volta. E em São Jorge de Hermeto Paschoal , Ganc tira partido dos ritmos nordestinos , com o característico pandeiro de Marcos Suzano e a bateria única de Oscar Bolão, criando um festivo clima final.


Ficha técnica AQUI.

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