domingo, 11 de outubro de 2015

Carona na psicodelia dos anos sessenta

Por Fernando Rosa no Senhor F

Em 1966, o conjunto Loupha, de São Paulo, ganhava o Primeiro Festival Nacional de Conjuntos da Jovem Guarda, injetando psicodelia no mundo ainda comportado da Jovem Guarda. Mas, engana-se quem pensa que Roberto Carlos e sua turma e músicos de outros gêneros não deram sua "pegadinha" na lisergia que inundou o mundo a partir de 1967.

O caso mais inusitado é, talvez, o da cantora Vanusa, conhecida por suas gravações de Jovem Guarda. Em 69, no entanto, ela apostou num mix de soul e psicodelia, no álbum 'Vanusa'. Com voz "Grace Slick" (cantora do Jefferson Airplane), ela canta o clássico 'Atômico Platônico' e outras canções, com orquestras e guitarras distorcidas.

Outro que saltou da Jovem Guarda para dentro do caldeirão psicodélico foi o Tremendão Erasmo Carlos. Em 70, acompanhado dos Mutantes, Lanny Gordin e Rogério Duprat gravou o raro 'Carlos, Erasmo'. Entre outras, ele canta 'Agora Ninguém Chora Mais', com fuzz-guitar de Lanny.

Em 72, antes de comandar a "invasão nordestina", a dupla Geraldo Azevedo e Alceu Valença desembarcou no Sul, reverberando tropicalismo e psicodelia. Com arranjos de Rogério Duprat, apresentavam um tímido aperitivo da futura e explosiva mistura em canções como 'Me Dá Um Beijo' e 'Mister Mistério'.

A dupla Tony & Frankye destacou-se no que se chamou de funk-soul, produzido na primeira metade dos anos setenta. Em seu único álbum, produzido por Raul Seixas, usam e abusam de guitarras ultra-psicodélicas. A música 'Trifocal', de Raulzito, é o melhor exemplo do que se poderia chamar de funk-psicodélico brasileiro. Ele também gravaram um compacto com a música 'Adeus, Amigo Vagabundo', em tributo a Brian Jones (ex-Stones).

Cantora e compositora, a bela Luiza Maria gravou um fantástico disco em 1974, desaparecendo inexplicavelmente a seguir. Com participação de Lulu Santos & Vímana, Rick Ferreira e Antônio Adolfo, entre outros, ela envolve suas canções com delicados climas psicodélicos. Para conferir: 'Maya', com solo de Lulu, e 'Universo e Fantasia'.

O samba - via o Jorge Ben (67 & 69), especialmente o disco gravado com The Fevers, em 67 - também entrou na onda, enquanto o jazz-bossa instrumental produziu seus clássicos psicodélicos, do que é destaque o LP 'Som Psicodélico', como o grupo Fórmula 7, formado por Hélio Delmiro (guitarra), Cristóvão Bastos (piano) e outras feras.

Os Íncríveis também tiveram seu momento garageiro-psicodélico, especialmente no álbum 'Os Incríveis Neste Mundo Louco". O crédito para essa inclusão se deve às geniais fuzz-guitars de Mingo e Risonho. E também pelo repertório, que junta The Troggs com The Rokes (italiano) e Los Brincos (espanhol).

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