quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Libra - Até Que A Morte Não Separe [2008]

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Por *úlio César Bocáter

Descobri Libra faz algum tempo quando estava a vasculhar o youtube. O que me surpreendeu na época foi a qualidade na produção dos clipes e a temática, pouco explorada em canções em português. Informações sobre o Libra são escassas e tudo indica que o sujeito ao menos deu uma pausa na carreira. Achei uma entrevista dele para Rock Underground que disponibilizei abaixo:




RU – Como a banda LIBRA foi formada?
LIBRA – Na verdade, “Libra” não é uma banda (como muitos devem achar). Sei que parece confuso, mas “Libra”, na verdade, sou eu.


RU – Por que LIBRA? Algo a ver com o signo, ou tem outro significado.

LIBRA – O nome “Libra”, apesar de também ser meu signo astrológico, na verdade é uma homenagem à moeda do Reino Unido (de onde vieram praticamente todas as minhas influências). A Libra esterlina. Muita gente não sabe, mas, “libra” também é um verbo (“librar”), e significa “voar parado”, “pairar”, “estar suspenso no ar”. Gosto muito desse significado.


RU – Fale dos trabalhos lançados. Há algum trabalho (CD, demo, etc) lançado antes de Até Que A Morte Não Separe?
LIBRA – “Até Que A Morte Não Separe” é meu primeiro álbum. Em 1998 gravei uma DEMO em inglês chamada “Take Me Away”, mas nunca a mandei para nenhuma gravadora, selo ou sequer divulguei na internet.

RU – Fale então sobre Até Que A Morte Não Separe. Como conseguiu contrato com a Sony/BMG?
LIBRA – Depois de ter produzido e gravado o CD eu optei por tentar primeiro as grandes gravadoras (Sony/BMG, Warner, Universal, EMI) e, caso nenhuma se interessasse, eu partiria para outras alternativas. Para minha surpresa, fui contatado por algumas delas, mas a proposta da Sony foi infinitamente melhor (principalmente no que diz respeito à parte artística). Eles me deram liberdade total para dirigir e finalizar minha obra como eu sempre sonhei (gravação de cordas, masterização em Nova Iorque, concepção de capa e etc). 

RU – Fale da cena de sua cidade (qual sua cidade, São Paulo mesmo)?
LIBRA – Moro, e sempre morei, no Rio de Janeiro e infelizmente “acho” que não há realmente uma “cena” de Dark Rock por aqui. Mas não posso dizer isso com certeza, pois passo a maior parte do tempo dentro da “minha torre” (rsrsrsrsrs). Não costumo sair muito.

RU – O Gothic Rock e Gothic Metal, bem como o Black Metal, são estilos cujas letras e músicas são misantrópicas por si só. Por isso, você faz tudo sozinho no LIBRA?
LIBRA – Como sou produtor, possuo meu próprio estúdio e toco guitarra, baixo, bateria e teclado, optei naturalmente por gravar tudo sozinho. Não foi uma questão de demonstração de habilidades pessoais, egoísmo ou egocentrismo. Só achei desnecessário chamar alguém para gravar uma linha de guitarra (por exemplo), que eu mesmo compus e que eu saberia executar perfeitamente. Quando eu comecei a gravar o CD, na verdade eu não sabia que estava realmente gravando. Eu estava apenas registrando minhas composições e quando menos esperava, percebi que já estava longe demais. E eu não limitei o CD àquilo que eu sabia executar, tanto que, conto com varias participações (o vocalista da banda inglesa My Dying Bride, Aaron Stainthorpe, a cantora Marya Bravo, um octeto de cordas e um coral de meninas).

RU – A banda toca ao vivo? Vocês têm músicos contratados para isso?
LIBRA – Tudo aquilo que criei e gravei para Até Que A Morte Não Separe foi feito por pura satisfação pessoal. Era simplesmente a válvula de escape para meus sentimentos, mas, quando o CD ficou pronto, percebi que havia um grande potencial e que se eu não tentasse lançar o CD e reunir uma banda para colocá-lo no palco, eu estaria perdendo uma grande oportunidade de dividir esses sentimentos com o “mundo exterior”. Acho que, onde houver alguém que se sinta triste, desamparado, só ou com medo, meu CD pode ser uma boa companhia. Quanto à banda, demorei dois anos para achar o que hoje chamo de minha “banda dos sonhos” (Daroz na guitarra, Fifi no baixo e Adal na bateria).

RU – Qual a influência de Carlos Trilha (que trabalhou nos CDs solo de Renato Russo) para a concepção de seu trabalho?
LIBRA – Na concepção artística em si, não houve realmente uma contribuição. Quando uni forças com o Trilha, o CD já estava praticamente pronto. Eu apenas “migrei” a produção para o estúdio dele, onde re-gravei as baterias, gravei as cordas e mixei (juntamente com ele) todo o CD. Mas não posso deixar de dizer que, sem ele, o CD não existiria. Aprendi muito durante todo o tempo em que a casa deAté Que A Morte Não Separe foi o Estúdio Órbita. E mais do que isso, o Trilha veio a se tornar um dos meus maiores amigos. E para a vida toda.

RU – Qual o púbico que você quer atingir, apenas o Gothic e Dark ou o de Metal, como Gothic Metal e Doom também?
LIBRA – Nunca fiz nada visando um público “alvo”. Acho preconceito (e até falta de visão) querer restringir uma “obra” à apenas um segmento. Depois que a obra é colocada para fora, ela deixa de pertencer ao artista. Só espero que minhas músicas façam algum “sentido” para aqueles que tiverem acesso a elas. Que percebam que é um espelho da minha alma, e não um “produto”.

RU – Por que cantar em português?
LIBRA – Morei na Inglaterra e sempre compus e cantei em inglês, mas, por motivos pessoais e sentimentais, decidi que não poderia ficar longe daqui, mesmo sabendo que, “lá fora”, os artistas são muito mais respeitados e reconhecidos do que no Brasil. Então, como decidi ficar por aqui, resolvi me comprometer a “encarar” nossa difícil e traiçoeira língua. Pessoalmente, não gosto da idéia de morar num país e me comunicar artisticamente em outra língua. Se é para ficar por aqui, quero que todas as pessoas entendam as coisas que eu digo.

RU – O fato de cantar em português, de alguma maneira te influenciou o que outras bandas já fizeram antes, como o Rock Progressivo sombrio do Violeta de Outono, o Gothic Heavy Dooom dos cariocas do Imago Mortis ou ainda o Dark anos 80 do Zero, ou até o próprio Renato Russo que sempre teve letras sombrias e ainda qualquer banda dos anos 80 do Rock Nacional?
LIBRA – Na verdade (e infelizmente), nunca me interessei por praticamente nada em português (talvez alguma coisa bem remota e mais sombria de Legião Urbana). Mas respeito muitos artistas brasileiros.

RU – Musicalmente, há muito em sua música do Doom Metal inglês como My Dying Bride, Anathema, Paradise Lost entre outros. Quais as influências reais de Doom europeu em sua música.
LIBRA – Minhas maiores influências nesse “segmento” (que por acaso é meu maior “berço” artístico), são Paradise Lost, My Dying Bride, Type O Negative, Anathema, The Gathering... Outras grandes influências que marcaram minha história são Carcass, Death, A-Ha, Depeche Mode, David Bowie, Frank Sinatra, Johnny Cash...

RU – Fale sobre planos no futuro.
LIBRA – Meus planos são, naturalmente, colocar Até Que A Morte Não Separe na estrada e dar continuidade à minha obra lançando meu “Segundo Ato”.

RU – O final é seu!
LIBRA – A todos aqueles que puderem ouvir meu CD:
Espero, do fundo do meu coração, que todo o trabalho e dedicação que depositei em Até Que A Morte Não Separe, possa servir como trilha sonora para sua história. Que sirva como acalanto em uma noite de insônia e principalmente, sirva para mostrar para todos aqueles que se sentem solitários no meio de uma multidão, que vocês não estão sozinhos. Saudações, Libra.

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