domingo, 12 de fevereiro de 2012

Renato Godá - Canções Para Embalar Marujos [2010]


Uma grata surpresa vem rolando no cd player do carro, no som do meu quarto e nos fones do meu mp3player, essa novidade tem nome e um conceito meio “marinheiro-badboy-vagabundo” dos anos 20, ele é Renato Godá, que se define como “um escritor de musicas endiabradamnete românticas. Um cantor que leva ao palco a atmosfera esfumaçada de um cabaré onde jazz, folk, música cigana e chanson francesa convivem entre a elegância e a vulgaridade”.

E é de fato essa atmosfera que seu primeiro disco, Canções para embalar marujos, traz aos nossos ouvidos, uma sonoridade elegante, com letras que por muitas vezes contam a odisséia de um personagem boêmio, vagabundo, brigão, mas sempre apaixonado, como o próprio conta na faixa de abertura do disco, “Primeiro Roud”: “Derrubei caras maus que me olharam feio no balcão de bar/ Saqueei corações, dos mais sanguinários aos angelicais” .

Além disso, sobra espaço no álbum para reflexões de boteco, sobre temas como a relação entre o tempo e o amor na excelente balada, “Eu Sei”: “Eu sei,/ que o homem-bala voa / que a trapezista voa / e o tempo ainda é pior...”e na típica canção de pirata, “Como o Mar”, que traz a tona um clima de convés de embarcação, ou taberna de marujos: “Como o mar que leva e traz/ em ondas que nunca descansam / amores vem e vão / nos braços de qualquer amante”.

O disco é daqueles que encantam logo na primeira audição e que facilmente ouvimos do inicio ao fim sem pular uma faixa sequer, como se de fato fosse um livro em que cada canção conta um capitulo da estória.

O ápice dessa odisséia, fica para duas canções:“Cigarros e cafés”, em que o protagonista do nosso “livro” relembra sua fase de vagabundagem pelas noites e pelas ruas de um lugar perdido no tempo: “Freqüentava bares, hotéis e tantos lares/ Caminhava a toa até o dia amanhecer/ assobiando frases, melodias solitárias/ varando as madrugadas que me enchiam de prazer”. Além da belíssima “Chansson D’Amour”, na qual Renato Godá conta com a participação da doce voz feminina da cantora francesa Barbara Carlotti, para nos contar as desventuras de uma moça, ao que tudo indica, uma meretriz que lê Michel Foucault, ou uma catedrática que vende seu corpo: “Ela pensava de novo é amor/ em Copacabana, com qualquer senhor/ de madrugada fingindo prazer /vendia seu corpo sem qualquer pudor”.

E assim, passeando pela noite, entre cigarros, bares, bebidas, prostitutas e marinheiros, Renato Godá nos presenteia com um belíssimo disco, totalmente despretensioso, mas que não pode passar desapercebido pelos ouvidos mais atentos, nem pelos boêmios de plantão.

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